terça-feira, 23 de junho de 2015

Ser mulher...

Às vezes me perguntam como é ser mulher.


Se existe uma vida sexual ativa é, mais ou menos, assim:

Você passa dias torcendo para apresentar sintomas de que haverá um período menstrual, pensando no que dirá para tua família, como vai sustentar um filho quando mal dá conta de tantos boletos, ou como vai cuidar de uma criança se não consegue nem tomar remédio pra gripe nos horários corretos.

Aí, quando finalmente percebe que está com TPM, fica very crazy, sensível, inchada e come como se não houvesse amanhã. Fica tranquila, afinal TPM é sintoma de que não existe nenhum bebê. Mas, você tá very crazy e já começa pensar que estes sinais podem ser sim uma gravidez. O desespero bate e você chora.

Então, quando a primeira pincelada vermelha pinta a sua calcinha você sente um alívio fabuloso. Para logo ser lembrada que inventaram  uma coisa chamada cólica que é uma pequena, não tão pequena, demonstração da morte por explosão uterina.


Moral da História (1): Ser mulher é um ciclo delicioso e angustiante.
Moral da História (2): Usem camisinha!

sexta-feira, 12 de junho de 2015

Namore-se.


Se você é mulher e tá aí com o coração partido porque não tem namorado, pare AGORA de ver listas e vídeos de auto-ajuda.

Empodere-se, minha amiga!




quinta-feira, 11 de junho de 2015

Transição.

O bom de estar solteira é que você faz tudo do jeitinho que quer, sem cobranças ou esperanças.
Bem egoísta, eu sei. Mas é o que é.

Quando você se interessa por alguém começa assistir jogos que não entende as regras e vai dormir quase na hora de acordar pendurada no telefone pra compensar quilômetros de distância.


terça-feira, 9 de junho de 2015

09 de Junho de 2015. (Ou, realinhando isso aqui)

Bem, cá estou eu sentada na mesa da cozinha do meu apartamento sozinha.
Vinte e sete anos completos e os mesmos medos de quando tinha dezessete.

Gostaria de dizer que passei os setenta dias do meu Diário, do projeto inicial dele, com o coração vazio. Mas seria mentira.
Duas semanas antes do meu aniversário, misteriosamente, olhei para um cara que já havia olhado diversas vezes. Mas, desta vez, o enxerguei. Parei, olhei novamente. E gostei.

Depois de tanto tempo de sofrimento, tanta dor sem sentido, a gente acaba ficando ressabiado. E se acha idiota pelos sorrisos bobos, suspiros infindáveis e interesse incontrolável.

Se você me perguntar se eu gostei, eu vou responder que odiei. Detesto essa sensação de descontrole!
Por outro lado, essas substâncias malditas fazem com que eu me sinta mais bonita. Maldita biologia!

Quando penso de forma racional me lembro de todas as vezes que isso aconteceu e o resultado sempre foi negativo.
Então escuto a voz da minha amiga: Para, Carla. Você não pode se blindar para sempre!

A verdade é que eu adoro ser solteira, acho uma delícia.
Mas, diariamente, olho com cara de patolina para a tela do computador.

Aguardemos os próximos capítulos!


24 de Março de 2015.

Até bem pouco tempo atrás eu diria:
- Imagine quantos caras legais você deixou passar por causa de uns babacas.
Agora eu digo:
- Imagine quantos caras você passou a vida achando que eram legais, mas, na verdade, eram uns babacas.

15 de Março de 2015.

"O meu desafio é andar sozinho" – Sobre a dificuldade de ser uma garota solteira
Hoje eu acordei animada. Literalmente. Era mais que dez, mas quis enfrentar o sol e sair por aí.
Escolhi uma legging e uma camiseta cortada, o mesmo tênis de sempre. Roupa de gente que tenta levar uma vida mais saudável. Moro no centro da cidade, mas resolvi ir correr em uma rua bastante conhecida e utilizada para este fim. Com fones de ouvidos conversava com minha mãe pelo celular, próximo a um supermercado um garoto de uns 14 ou 15 anos ao passar por mim passou a mão no meu bumbum.
E agora eu vou falar de algo que eu nunca passei na vida: UM GAROTO PASSOU A MÃO EM MIM. É a coisa mais surreal que existe, ao olhar inconformada para trás ele me mandou um beijo ainda, quando comecei gritar e xingá-lo, e fiz em bom som, ele continuou andando e falou que foi sem querer. Juro, a minha vontade foi correr atrás dele e esmagá-lo. Não o fiz porque minha mãe no telefone ficaria desesperada. Mas eu queria fazer isso, ainda quero, quero apertar o pescoço dele, quero causar a ele uma dor física maior que a psicológica que eu sinto. Mas eu chorei, chorei muito, chorei por um garoto achar que tem este direito, por todos os machismos diários que eu sofro e que vejo outras mulheres sofrendo.
Sofro porque sei que muitas pessoas, inclusive mulheres, dirão que eu não deveria estar andando sozinha ou que o meu bumbum avantajado deveria estar coberto.
As pessoas realmente acreditam que uma mulher não pode se destacar, não pode ter um corpo legal, ser bonita, ser atrativa. Se você for alguém que chama atenção você vai ser agredida física e psicologicamente e as pessoas vão te fazer acreditar que o erro está em você.
Há uns dois dias eu tive que bloquear um cara que não entendeu que:
01. Estou solteira, mas quero ficar sozinha;
02. Não quero sair com ninguém;
03. Não quero nem encontrar alguém.
Afinal, EU conversei, EU dei lado, EU tenho que aceitar que isso é motivo para o cara achar que vai ter algo em troca.
O mundo é todo tosco, as pessoas não sabem mais conversar, se tratam mal e se você é educada e dialoga normalmente está abrindo margem para as pessoas acharem que você vai sair dando (sim, estou falando dando no sentido sexual mesmo) por aí.
Todos os dias as pessoas alimentam esse absurdo que é achar que o corpo do outro é violável e tem que estar sempre à disposição.
Uma amiga me dizia: Carla, você está sempre namorando porque é uma situação confortável, é mais fácil do que ser e se sentir solteira. E, infelizmente, ela estava certa. É muito mais fácil falar que eu tenho um namorado. Mulher nenhuma me olha torto, enciumada. Os caras entendem porque não os quero. Difícil é falar que eu tenho 26 anos, moro sozinha, faço agachamento igual uma louca pra dar um jeito no meu bumbum, que estou procurando um caminho que me faça feliz profissionalmente, mas que estou solteira, que não tenho alguém para me mostrar por aí, que não tenho alguém “sortudo”, entre outras coisas que já ouvi. Sou solteira e é minha culpa, tenho um corpo razoável e é minha culpa, chama atenção e é minha culpa, moro sozinha e sou uma desgarrada (mal sabem vocês o quanto amo e sou amada por aqueles que me tiveram), fui apalpada na rua e a culpa é minha, um cara foi abusivo na investida e é minha culpa. Sério, gente, até quando esta mentalidade tacanha fará parte da massa?
E eu ainda tenho que ver gente querendo indo às ruas falando que vai mudar o país. Como, se não conseguem nem melhorar internamente? O quintal tá todo sujo e querem limpar a nação. Quanta hipocrisia e prepotência.
O mais triste de tudo isso é que quanto mais eu conheço as pessoas, mais quero ficar sozinha. Menos acredito numa relação afetiva saudável.
Mas ainda gostaria de bater naquele garoto até que ele entenda que não tem direito sobre mim, nem sobre ninguém. E nunca mais repita isso, pois terá dor em resposta.
Que liberdade fingida vivemos, que mundo triste e escuro temos construído. No entanto, quanto mais difícil lá fora, mais fácil aqui dentro.

16 de Maio de 2015.

Misteriosamente a minha postagem deste dia sumiu da minha linha do tempo.

Segue aqui uma divagação minha do mesmo dia.
Diário de uma garota solteira, com quase 27 anos.
Dia 53:


Faço das minhas as palavras de Pagu:
"Esse crime, o crime sagrado de ser divergente, nós o cometeremos sempre."


ATUALIZANDO:
(Mais misteriosamente ainda encontrei o post tantos meses depois.)

Diário de uma garota solteira, com quase 27 anos.
Dia 53:
Eu fiz uma coletânea de frases e escrevi no topo de cada página do meu caderno de anotações do trabalho. 
A frase de ontem dizia:
"A renúncia é a libertação. Não querer é poder."
Vocês já repararam como as relações têm se transformado em relações de poder? Aparentemente, aquele que gosta menos, ou parece menos interessado, deve ser o conquistado e, sendo assim, dita as regras.
Temos medo de assumir que curtimos a companhia do outro por medo de perdê-la. Tememos falar que queremos um novo encontro porque existe essa ideia de que querer mais tempo, mais espaço, mais afago é carência. E se estiver há algum tempo rolando algo? Todo mundo pergunta se vão namorar, mas você fica na sua, pois conversar sobre pode assustar o outro.
Se o outro já some às vezes, imagine o que fará se o assustarmos.
Enquanto isso, enviamos mensagens, ligamos, buscamos.
Olhando pelo outro lado, se o outro é o "mais interessado" nós achamos que está tudo ok, nos acostumamos com a adulação.
Agora, se o outro passa a demorar pra responder, não manda mais aquela mensagem de bom dia, não chama mais pra sair, pronto, já nos desesperamos e achamos que algo aconteceu.
E aí, meu irmão, o jogo virou.
O problema é que uma relação não pode ser um jogo, a gente não pode ficar traçando estratégias e nem esperando para o cheque-mate.
Minha mãe sempre me diz "Cacá, a gente vive um dia de cada vez" e ela está certa.
Se tá legal, continua. Se deu vontade de conversar, conversa. Se acha bonito, se sente falta, se quer cheirar.
Não dá pra viver nesse cabo de guerra pra sempre, esperando o primeiro que vai deixar de ser trouxa e ceder.
Relação é parceria, é lado a lado, é apoio.
Dure ela um mês ou cem anos.

02 de Junho de 2015.

Diário de uma garota solteira, com quase 27 anos.
Dia 70:
Contagem regressiva - 1 dia!

No último dia tem textão, sim senhor!

Finalmente estamos nós no meu último dia com 26 anos. Quando penso nisso, me desespero. Nunca mais terei esta idade, nunca mais viverei este dia. Por outro lado, tenho tantos dias e anos pela frente, tanta vida para ser vivida, tanto de tudo o que eu quiser e puder.

Ontem terminei meu penúltimo capítulo deste Diário falando de gratidão.
Sem dúvidas, a Carla que passou dos 25 para os 26 não tinha noção do que era sentir isso, essa palavra tão cheia de significado nunca tinha saído da minha boca. Mas hoje toma conta de todos os meus dias.

É claro que eu queria ter mais dinheiro, queria sair pelo mundo, queria mais liberdade e tempo. Mas, sério, minha gente, eu sou feliz pra carValho. Me sinto muito sortuda, impossível não ser grata pela chance de ter vindo pra esta vida, por ter nascido na família que nasci.
Minha mãe teria parto normal, mas por falta de dilatação nasci três dias depois do que devia. Engasguei várias vezes no meus dois primeiros dias de vida porque tinha engolido um monte de sujeira. Mas eu sobrevivi, acho que desde aquela época eu demonstrava como amaria a vida.

Confesso que fui uma pessoa deprimida por muitos anos, lembro de uma época que eu chorava diariamente, porque sou dramática e porque queria mais do que tinha. Chorava porque quem estava comigo me decepcionava, chorava porque eu não era como queria ser.
No entanto, ontem me dei conta que faz um tempão que não fico realmente deprimida. Se não tem ninguém me acuando ou artéria cortada eu só tenho lágrimas de emoção.
Com o tempo percebi que o problema não é criar expectativas, o problema é achar que o outro não pode desistir e errar, mesmo quando você erra e desiste de tanta coisa. O problema é que as pessoas usam o bordão do “desapega, desapega” sem pensar que não há problema algum em se aproximar e permanecer ao lado de alguém, contanto que saibam que esse alguém tem todo o direito de ir embora quando quiser, assim como nós também temos.

O primeiro post deste Diário foi apenas um ato impulsivo, eu sempre falava sobre coisas do meu universo, enquanto mulher sozinha. Não pensei em dias, nem em duração (O fato dele terminar no septuagésimo dia é apenas uma coincidência). Fora que eu nunca achei que conseguiria manter um ritmo, já que nunca consigo fazer nada por muito tempo e vivo enrolada. Mas, as coisas para serem ditas foram surgindo e eu curti demais a interação. Tantas pessoas que gosto vieram falar comigo, pessoas que eu não esperava e até pessoas que eu nunca vi.
Mas também teve uma galera que não curtiu, achou exposição demais. Eu acredito que não há diferença entre usar minhas próprias palavras e compartilhar links com as palavras de outras pessoas ou até imagens. Eu sei que nem sempre fui compreendida e sei que alguns falaram que pareço uma pessoa difícil de lidar baseado nas coisas que digo.
No entanto, as críticas – quando não escondem ameaças – só agridem que não tem confiança no que está fazendo.

Ontem eu ouvi que sou feminista, de um jeito pejorativo. Eu não acho que defender igualdade seja algo rotulável. Eu defendo a chance da mulher ter os mesmos direitos e tratamento que os homens. Assim como defendo o direito dos homossexuais amarem e se relacionarem como os heterossexuais. Assim como defendo o direito dos animais serem amados e respeitados como nós humanos.
Me desculpem, mas eu não vou ignorar, não vou me calar. Talvez essa fosse uma atitude mais tranquila, mas NUNCA vou entender o que leva um cara a achar que ele tem o direito de me impor mensagens, ligações, perseguições e até elogios que são apenas demonstrações de uma crença na superioridade do corpo e sexo. Como sempre digo, eu – nem qualquer um de nós – NÃO sou um pedaço de carne. Não vim ao mundo para alimentar e suprir a lascividade de ninguém.

É claro que eu tenho minhas próprias visões distorcidas das coisas, tive que me auto flagelar muito para aprender.
Quando olhei para trás percebi que nos meus últimos aniversários me senti feliz porque eu tinha um namorado, alguém para ficar ao meu lado. Então, há alguns meses percebi que estaria apenas comigo aos 27, isso me desesperou. Mas, finalmente, enxerguei que essa era minha chance de me sentir plena sozinha, porque foi assim que vim para esta existência.
Percebi que uso bastante o advérbio de condição “mas”. Mas (haha) é porque acredito que nada é acabado, você pode sempre ver a coisa de forma diferente, de acordo com o ângulo que olhar. O importante é saber respeitar aquele que está olhando por um lado oposto ao seu.
A Carla de 26 não diria uma boa parte do que falei por aqui, ela ainda estava magoada demais para parar, respirar e ver a vida de outro jeito. Mas, finalmente percebeu que tudo o que passou levou a um amadurecimento que só a Carla de quase 27 poderia desfrutar.

Cada post no Diário me fazia pensar “Carla, você chegou até aqui. Seja mais forte que a sua carência. Aprenda a te dar o amor que você sempre procurou”. Não foi sempre fácil, mas eu posso dizer que nunca passei uma transição de aniversário me amando tanto, sendo tão apaixonada por mim.
É claro que sou cheia de defeitos e tenho uma porção de coisas para melhorar, e eu tô super disposta pra aprender, pra crescer, pra evoluir.

Toda a minha gratidão por vocês que me leram, que me acompanharam, que me deram força.
Eu defendo – e tento aprender – que devemos ser plenos sozinhos, mas não acho que seja antagônico falar que ter com quem conversar e buscar conselhos seja muito bom. A gente tem que saber ouvir, mas tem que saber encontrar as próprias respostas.
Minha imensa gratidão aos encontros da vida, a todos os sentimentos bons que saem de vocês e chegam até mim, de forma física ou virtual.
A felicidade por poder comemorar mais um aniversário - que é uma coisa que amo - é minha, vem de mim. No entanto, seria impossível não fosse cada uma das pessoas que passaram e passam pela minha vida me ensinando tanto.
Eu só tenho que agradecer mesmo.

Vinte e sete, pode vir quente que eu estou fervendo! rs

01 de Junho de 2015.

Diário de uma garota solteira, com quase 27 anos.
Dia 69:
Contagem regressiva - 2 dias!

A verdade é que eu já pensei várias vezes em falar sobre isso, mas nunca consegui me expressar, nunca consegui escrever o que eu sentia. Como tenho os dias contados, acho que chegou a hora. Tentem me entender, por favor.

Sou de uma família católica praticante. Fui batizada, perseverada, crismada. Meu pai é ministro da Eucaristia na Igreja.
Mas aos dezesseis anos abandonei as crenças que me foram passadas e segui em um caminho de incredulidades. Nos apertos da faculdade minha amiga fazia novena e eu a ajudava acender as velas. Acompanhei um namorado muito religioso em diversas missas. Mas sempre com aquele pensamento: Impossível que exista mais do que isso que meus olhos podem ver.

Um amigo muito querido me apresentou ao Espiritismo, mas imagine se eu que nunca acreditei em vida após a morte aceitaria alguém me falando que podia ver gente morta, todo o tempo.
Eu até fiz algumas visitas a um Centro Espírita numa época um tanto negra da minha vida, mas eu não estava preparada.

Pois bem, o namorado número quatro era espírita e o acompanhei algumas vezes. A morte sempre me amedrontou e eu queria respostas. Ganhei livros, mas não obtive resposta alguma, e muitas outras perguntas.

No entanto, o contato com uma vida mais tranquila e mais introspectiva me fez olhar para mim, e perceber que a vida não pode ser apenas isso aqui. Me fez pensar em tantas pessoas que conheci com a sensação de já conhecia há tempos.
Mas foi apenas quando aquela relação acabou que eu passei a frequentar toda quarta-feira as reuniões espíritas aqui pertinho de casa. Toda vez que saía de lá me sentia mais leve, como se estivesse passando por sessões de terapia. Devagarinho o meu coração foi ficando mais leve e eu só sentia amor e gratidão por todas as coisas que passei, boas e ruins.

Se você me perguntar se eu acredito que tem uma galera morta perambulando por aí eu vou dizer que dias sim, dias não. Se me perguntar se eu acredito em Deus, direi que acredito em um Deus que é uma força de conexão entre cada pequeno detalhe do universo, acredito em um Deus que não julga e liberta, acredito em um Deus que, como diz Spinoza, não está fora, mas que está dentro de cada um de nós.

Não estou aqui para defender nenhuma religião, doutrinar qualquer pessoa, ou profanar a crença de ninguém. Mas, comigo foi assim... Crer me trouxe paz.
A Ciência, através de diversos estudos, comprovou que pacientes que acreditam em alguma força superior têm uma chance maior de cura. Eu sei, você vai me falar que é o cérebro dando ordens e vencendo o corpo já cansado. Eu também já pensei assim.

Certa vez alguém disse - A fé é como o vento: Você não pode tocar, apenas sentir.

Pensar assim me permitiu sentir uma gratidão sem precedentes, acalmou meu coração e me fez ter certeza que, SEMPRE, dias melhores virão.

31 de Maio de 2015.

Diário de uma garota solteira, com quase 27 anos.
Dia 68:
Contagem regressiva - 3 dias!
Quando estava no terceiro ano do Ensino Médio estudei em uma escola de dois andares. Minha sala ficava no segundo e para chegar até ela precisava subir uma escada com degraus vazados, ou seja, dava para ver por baixo dela se você se enfiasse dentro do depósito que lá existia.
Pois bem, quando as meninas iam de saia alguns garotos faziam a proeza de entre caixas e pó olharem entre os degraus para ver as calcinhas dessas meninas.
No meu aniversário de 17 anos fui com uma saia que usei na minha festa de 15 - preta, de tule. Um garoto colocou um espelho no tênis para tentar ver minha roupa de baixo. Naquela época a gente resolvia as coisas chamando a professora. Eu já não lembro o nome da infeliz, mas a resposta dela foi: Mas você precisava vir de saia?!
Juro que passados praticamente dez anos ainda não me conformo com a mentalidade daquela que devia ser um exemplo para todos nós, alunos e alunas.
E, mais triste é constatar que ela representa uma boa parte de homens e, infelizmente, mulheres que acreditam que a roupa que a mulher usa poderá taxá-la de algo que ela nunca é.
Roupa curta não é sinônimo de falta de caráter. Uma mulher que usa uma roupa justa não está pedindo para ser estuprada. Quem deveria ser violado é quem responde às agressões sofridas por todas nós com o clássico "Mas, ela não devia estar usando essa roupa!".
A lógica é bem simples:
1. Se a porta está aberta não quer dizer que qualquer um está convidado.
2. Não é porque você tem algo valioso que o outro tem o direito de usar ou tomar posse.
A forma como eu me apresento - Roupa, sapato, maquiagem - nunca poderá ser a justificativa de falta de respeito como investidas ou grosserias.
Homens, eu sei que vocês gostam de olhar pro bumbum das meninas com aquela calça da academia. Mas calem a boca para qualquer pensamento sujo que vocês tiverem.
Mulheres, parem de ter essa mentalidade machista que tacha suas irmãs como "putas", de uma forma bastante pejorativa, afinal, vocês também poderão, a qualquer momento, ser rotuladas e desrespeitadas com o mesmo tipo de preconceito, em menor ou maior escala.
Irmãs, empoderem-se!

30 de Maio de 2015.

Diário de uma garota solteira, com quase 27 anos.
Dia 67:
Contagem regressiva - 4 dias!
Hoje é dia de historinha.
Existe um cara que de tempos em tempos me manda mensagem no WhatsApp. Sempre respondi, mas nunca alimentei muito a conversa. Vocês podem falar que sou mercenária, mas se não estou interessada em algo e percebo que o cara está eu já fico na minha e não dou lado. Em uma dessas vezes eu falei que estava namorando e bastou. Depois não estava mais e ele sempre tentava falar, eu nunca muito afim.
Dia desses ele veio com uma papo de que tinha terminado um relacionamento e me chamou para bater um papo. Eu, educadamente, respondi que não ia rolar. Claro que esses caras sempre querem uma justificativa, segue aqui o desfecho:
Eu: Porque tenho outros planos
Eu: E porque não estou interessada
Ele: Ouch! Essa doeu!
Ele: Da outra vez Vc tinha namorado e tal
Ele: Mas Td bem faz parte
Ele: Life goes on
Eu: Tinha namorado, mas não falei que estava interessada, né
Eu: Isso
Eu: Life goes on
Ele: Chato pq há tempos tô interessado em vc
Ele: Sinto muito
Ele: Mas a real é que ainda tô me recuperando
Ele: Só queria alguém p descontrair
Ele: N precisa se deaculpar
Ele: Se n rola afinidade nem pra jogar conversa fora eh pq n eh p rolar msm
Ele: Paciência
Ele: Eu fico insistindo em gostar de ruivas da nisso
Ele: Culpa de uma ex namorada
Ele: Ruiva
Ele: Vms são todas más kkkk
Ele: Ah se Vc soubesse o quão bem eu iria te tratar e o Qto seria amada...
Eu: Para
Ele: Sério!
Ele: Me dá UMA chance
Eu: Cara
Eu: Eu tô tentando ser educada
Eu: Já falei que não estou interessada
O que ele respondeu com um "Ok".
Só gostaria de chamar atenção para um ponto - Ele estava chateado pelo fim do relacionamento ao mesmo tempo que estava super disposto a me tratar bem e me amar.
Ai, ai... O mundo no seu segundo milésimo décimo quinto aniversário depois de Cristo e uns caras por aí achando que nós somos tontas como Eva que acreditou que o que a cobra queria que ela experimentasse era a maçã.
tsc tsc tsc

29 de Maio de 2015.

Diário de uma garota solteira, com quase 27 anos.
Dia 66:
Contagem regressiva - 5 dias!
Às vezes eu não queria estar solteira só pra não ter que ficar respondendo se ainda estou solteira.
Que preguiça desses caras.

28 de Maio de 2015.

Diário de uma garota solteira, com quase 27 anos.
Dia 65:
Contagem regressiva pros 27 - 6 dias!
Quando eu tinha uns doze anos um menino na escola perguntou se a minha pança era gravidez. Era óbvio que não havia possibilidade, mas o fato me marcou tanto que até hoje lembro da blusa marrom e da saia preta que usava.
Essa foi a primeira vez que me preocupei com o meu peso. A pança eu perdi, mas até os quatorze anos comi um X-Tudo e tomava uma lata de Coca-Cola todo sábado, quando vi a pança crescendo de novo fiz uma puta dieta e cheguei aos 52 quilos.
Minha circulação é péssima, o acúmulo de gordura só piora. Sempre me preocupei muito com a minha saúde porque tenho fobia de médico e hospital.
Ou seja, diariamente me preocupo com meu peso e com a minha alimentação
Essa é a minha realidade.
No entanto, vejo várias garotas mais desencanadas que eu. Meninas que não se preocupam com o corpo mais fofinho. Acho isso muito justo.
Mas não acho justo quando os caras falam que a menina é desleixada, que devia se cuidar mais.
O pior é que muitos desses caras tem uma circunferência abdominal muito maior que a da menina que serviu de alvo.
Daí você pode me falar:
- Ah, é a cerveja do final de semana.
- Eu tenho o estômago alto.
- É minha genética.
O resultado disso é que vejo um monte de menina passando fome e tomando suco verde pra ter coragem de tirar a roupa na frente desses caras imbecis.
Mas o que faz um texto que diz que uma pesquisa definiu que as mulheres preferem os barrigudos aos sarados ser exaustivamente compartilhado por caras que acham as mulheres saradas as mais gostosas? Não tem lógica nenhuma.
Voltando ao meu exemplo...
Uma vez namorei um cara que toda vez que eu comia uma lua de mel (a melhor invenção das panificadoras) ele já vinha com o papo de que "dieta séria não tem gordice" (palavras dele), que eu teria que cortar todo o açúcar senão continuaria com o bolo de celulite no meu bumbum.
No começo eu ouvia o que ele falava e ficava brava com a minha falta de disciplina. Com o tempo comecei a lembrá-lo que a pança dele era muuuito maior que toda a gordura que eu tinha no meu corpo, que pra ele falar qualquer coisa devia fazer uns abdominais primeiro. Ele sempre vinha com um discurso de que a barriguinha dele era normal, que até quando ele era super magro tinha.
Aham!
Ah, sabe o menino que me zoou na escola? Deve estar uns 30 quilos acima do peso.
Eu realmente acho que a gente tem que se amar como é, como gordurinhas ou ossinhos aparente, mas não dá pra se amar ofendendo e atacando o outro.
Ainda mais quando esse outro nem é tão diferente da gente.

27 de Maio de 2015.

Diário de uma garota solteira, com quase 27 anos.
Dia 64:
Uma vez saí com um cara e com mais dois amigos.
Era um bar bastante movimentado da cidade e era a quarta vez que saíamos juntos.
Tudo estava indo bem, o papo, o interesse, a química.
No caixa ele beijou minha cabeça, todo mundo achou fofinho.
Meu amigo falou - Cá, você não tem orgulho? Ele é o cara mais bonito daqui, tem que ter orgulho! rs
Tempos depois notei que ele não era tão afetivo assim, mas eu sempre lembrava desse episódio no bar, tentava me agarrar nisso. Como a gente é desesperado, né?
Tive que esperar muitos meses para entender... Eu tenho uma porção de amigos gays, todo mundo sabe disso, eu sempre falo que amo os "viados". O cara disse que se relacionar comigo foi um aprendizado principalmente para diminuir o preconceito que ele tinha com homossexuais.
Sabe aquela velha história "Não, eu não tenho preconceito, contanto que eles não venham pro meu lado".
O cara nunca me falou, mas eu tenho certeza que aquele beijo no bar foi premeditado para que as pessoas vissem que ele estava comigo, que ele não fazia parte dessa gente que gosta de sentir prazer através do orifício anal.
Como se houvesse problema ser, ou alguém achar que era.
Não sei como funciona a cabeça dessa gente... Eu sou hetero, mas pode alguém chegar e falar pra minha mãe que tô saindo com uma menina que pouco me importa. Primeiro que não estou, mas e se estivesse?
Qual é o problema que as pessoas têm com a vida sexual do outro?
Alguém me explica?

26 de Maio de 2015.

Diário de uma garota solteira, com quase 27 anos.
Dia 63:
Comprei espinafre pela primeira vez em toda minha vida.
Assisti um episódio inteiro da série que estou vendo enquanto separava as folhinhas.
Deve ser por isso que o pessoal fitness indica pra dieta, o tempo que você leva pra preparar te faz desistir de comer.
Esperto era o Popeye que já tinha o bendito na latinha.
(E ficava fortão rapidamente.)

25 de Maio de 2015.

Diário de uma garota solteira, com quase 27 anos.
Dia 62:
Eu sou defensora da criação de um manual de como se comportar nas redes sociais.
O item número 01 deve ser - Se você enviou uma mensagem para alguém saiba que poderá não obter resposta. Você é livre para falar a outra pessoa é para não responder.
Eu, por exemplo, sempre vejo as mensagens que recebo. A bolinha do Messenger fica pulando na tela do meu celular, sou ansiosa, e eu SEMPRE a vejo. Se não respondo é porque não estou afim, não é por desatenção.
(Ok, agora desmenti todas as vezes que disse "Só vi tua mensagem agora"! hehe)
Enfim, sempre que alguém me adiciona eu vou dar uma olhada nos amigos em comum e nas fotos, sou desmemoriada e acabo esquecendo das pessoas que conheço. Se é algum possível conhecido aceito.
Outro dia um cara me adicionou, não lembrava dele, mas tinha cara de bonzinho e acabei aceitando.
Quando ele mandou mensagem, perguntei se nos conhecíamos.
- Não, mas podemos nos conhecer. Ele respondeu.
Toda vez que alguém me fala isso já tenho vontade de mandar um bloqueio.
O infeliz ainda tentou conversar, mas eu tava ocupada e nem um pouco afim de responder.
Começou me mandar mensagem de cinco em cinco minutos. Como se fazer isso fizesse o receptor responder. PUTAQUEOPARIU.
Em alguns dias, como hoje, fico sem paciência e excluo esses caras. Foi o que fiz.
E, JURO, dois minutos depois ele começou me seguir.
Menos de uma hora depois me mandou mensagem no WhatsApp - "Oiiii".
Como se eu tivesse passado meu número ou como se fossemos muito íntimos.
Me dá desespero só de relembrar.
Voltando ao primeiro item do manual, se você enviar uma mensagem, por favor, aguarde a resposta. E se não for respondido, aceite.
Obrigada. De nada.

24 de Maio de 2015.

Diário de uma garota solteira, com quase 27 anos.
Dia 61:
Há cerca de um ano fiz uma coisa que nunca imaginei que faria. Provei vestidos de noiva.
Parece bobeira, mas foi um choque.
Nunca quis casar. Já me imaginei atravessando o mundo, mas nunca o caminho até o altar.
Os vestidos provados foram para um desfile e eu me achei fabulosa.
Um ano depois cá estou esperando para desfilar mais dois vestidos maravilhosos tão ansiosa como se fosse uma noiva mesmo.
Fico pensando em como é a emoção de alguém que sonhou com isso a vida toda.
Mais ainda, fico pensando quão frustrante deve ser sonhar com um evento de passagem como o casamento e nunca conseguir passar pela experiência.
Tenho uma amiga que sonhava vê-la com o vestido branco, foi até uma loja de aluguéis e provou todos que teve vontade. Anos depois ela foi morar com um cara e nunca subiu até o altar. Pelo menos conseguiu, de certa forma, realizar aquele sonho.
Enfim, tô aqui divagando porque morro de medo de o noivo fugir quando a porta abrir.
Torçam por mim!

23 de Maio de 2015.

Diário de uma garota solteira, com quase 27 anos.
Dia 60:
No sexagésimo dia eu só tenho uma coisa para lhes dizer.
Colocou o cara nos "Melhores Amigos" do Facebook? 
Fodeu.

22 de Maio de 2015.

Diário de uma garota solteira, com quase 27 anos.
Dia 59:
Depilação.
TPM. 
Absorvente interno.
Cólica.
Anticoncepcional.
Manicure.
Pedicure.
Escova Progressiva.
Salto alto.
Dieta.
Efeito sanfona.
Roupa justa.
Peeling.
Drenagem.
Creme anti-idade.
Hidratação.
Babyliss.
Cílios Postiços.
Maquiagem.
Demaquilante.
Casa - Trabalho - Academia - Casa.
Às vezes um barzinho.
E o pulso ainda pulsa!

21 de Maio de 2015.

Diário de uma garota solteira, com quase 27 anos.
Dia 58:
Ontem fiquei vendo umas fotos antigas e deixei que as lembranças tomassem espaço...
Foi no ano passado e ainda lembro dos cheiros, sabores e sensações.
A gente chegava, eu sempre abria o portão, abria a porta da sala e a porta da cozinha. Sempre em silêncio caminhava até o estaleiro, sentindo o ar puro e úmido, e então olhava para a vastidão à minha frente, o rio e o céu. A certeza da minha pequenez diante do universo e gratidão por fazer parte dele. Era uma paz que poucas vezes senti.
Lembro do melhor macarrão com pesto que já comi, do friozinho que virara calor rápido embaixo de cobertores e afagos, das experiências libertadoras que me fizeram ver o mundo de um jeito novo, mais colorido e bonito. Do amadurecimento das minhas crenças camufladas por tanto tempo. Lembro de como surgiu essa mudança depois de um caminho tão longo que me trouxe até aqui.
E sei que da forma que foi nunca mais será e senti saudade. E pra ser honesta uma certa infelicidade.
O que nos desespera quando uma relação acaba é que, por mais que saibamos que outras pessoas e histórias virão, as memórias antigas ficarão para trás e serão enterradas num lugar que não causem tanta dor.
Mas vale à pena lembrar dessas coisas boas, né? Sentimento bom deve ser alimentado.

20 de Maio de 2015.

Diário de uma garota solteira, com quase 27 anos.
Dia 57:
Hoje um cara me perguntou se eu sou mais feliz sozinha ou não.
A resposta é o que já deve ter ficado claro por aqui:
- Dias sim, dias não.
E eu vou sobrevivendo (quase) sem um arranhão.

19 de Maio de 2015.

Diário de uma garota solteira, com quase 27 anos.
Dia 56:
Tem dias que sinto uma falta de ter um namorado.
Como hoje que to com uma tensão desgraçada nas costas e não quero (posso $) pagar a massagista.
Ou como quando meus pés estão gelados, não têm ninguém para esquentá-los e preciso colocar várias meias.

18 de Maio de 2015.

Diário de uma garota solteira, com quase 27 anos.
Dia 55:
Nós passamos metade da vida tentando criar uma armadura para nos proteger.
E a outra metade tentando tirar esta armadura que, ao mesmo tempo que protege, limita e prende.

17 de Maio de 2015.

Diário de uma garota solteira, com quase 27 anos.
Dia 54:
Eu conheci um cara legal.
Quando fiquei solteira falei: Meu próximo namorado terá que ter um trabalho, responsabilidades e uma vida bem resolvida.
Eu já havia provado o contrário disso e não havia dado nada certo.
Pois bem, o cara legal é mais velho, trabalha, mora sozinho, é independente, ri do que falo e me faz rir. Não tem vergonha de sair comigo por aí e eu não tive vergonha de apresentá-lo para os meus amigos.
No entanto, mesmo tendo combinado de fazer algo no sábado eu sumi e passei a noite toda pintando o apartamento da minha amiga.
O cara legal ainda é um cara legal, mas não mais que isso.
Pela primeira vez na minha vida eu fui mais forte que a carência pra entender o que eu sinto.
E, definitivamente, eu sinto que quero ficar só comigo.
Ou talvez não, talvez eu tenha sido fraca mesmo... Se antes estar com alguém era estar na minha zona de conforto, a minha vida deu um duplo twist e estar sozinha ficou mais confortável. Sem possibilidade de decepções e corações partidos.
Não lembro mais como era querer muito estar com alguém sem ficar pesando as coisas.
Whatever... Avante!

15 de Maio de 2015.

Diário de uma garota solteira, com quase 27 anos.
Dia 52:
Eu tenho uma amiga.
Sempre brinquei que ela é o supra-sumo da inteligência. Ela é bonita, ela é bem sucedida. Ela é o tipo de pessoa que não existe alguém que não goste.
Mas a vida amorosa dela? Aí é outra história.
Uma das últimas desventuras dela começou no Tinder (aquele aplicativo tão polêmico).
Em uma visita à casa da família, em uma cidade distante, ela deu "match" com um cara de uma cidade vizinha. Logo ela voltou para casa, mas o papo com o indivíduo continuou. Ele era fofo, belezinha, falava com ela o dia todo.
Com o tempo minha amiga começou se incomodar com a forma que o cara se referia à determinadas garotas: BISCATE. Minha amiga tão consciente, do jeito meigo dela, comentou com o cara que não achava legal o termo utilizado.
Nada grave, mas o cara não gostou e minha amiga surtou, afinal já havia se tornado uma paixonite. Eles brigaram, terminaram aquela relação virtual e voltaram para ela, ainda com discussões.
Eu fui incisiva: Amiga, caía fora, o cara é um otário.
Mesmo assim, possivelmente por carência, minha amiga aproveitou um feriado, viajou para sua cidade natal e viajou mais alguns quilômetros para conhecer pessoalmente o cara com a justificativa de que ficaria se atormentado com a ideia do "e se" - E se nos encontrarmos e acontecer (a mágica)?
Pois bem, o encontro aconteceu, a atração aconteceu, foi bom. Mas o cara disse algumas vezes que ele tinha outros planos e focos e que não poderia entrar em uma relação naquele momento.
Minha amiga voltou chateada, mas mais tranquila... Continuou a vida, conheceu outros caras e desencanou daquele.
Vocês devem imaginar o que aconteceu... O cara começou se aproximar, enviar mensagens, perguntar o que havia acontecido que tornou minha amiga distante.
Ficou em cima, atormentou, até que ela disse que havia conhecido outra pessoa.
O cara? Se revoltou, pois como ela pode fazer isso enquanto ele a esperava?! Ela não era boa o suficiente para ele mesmo! No dia seguinte, ligou falando que estava apaixonado e blá blá blá.
Eu poderia, em outros tempos, cogitar que havia um sentimento sincero, hoje sei que o que existe, na verdade, é ego. Quando ele viu que não tinha mais minha amiga para escutá-lo, elogiá-lo e apoiá-lo, mesmo de longe, sentiu falta, não dela, mas da adulação.
Muitos de nós já passamos por isso. Afinal, muitos são como crianças mimadas que começam chorar quando perdem a chupeta porque acreditam que haverá alguém pra mimar depois.
Não consigo aceitar essa história de que é preciso perder para aprender valorizar. Existe muita gente por aí pra você deixar alguém importante de lado. E não dá pra achar que vai estar disponível pra sempre.
É preciso valorizar o outro. É preciso se valorizar.
P.S.: A sorte da minha amiga é que, segundo aquele aplicativo que rolou por estes dias no Facebook, a sua alma gêmea sou eu. hihi

14 de Maio de 2015.

Diário de uma garota solteira, com quase 27 anos.
Dia 51:

Certa vez cantou Renato Russo 

“Ela também estava perdida
E por isso se agarrava a mim também
E eu me agarrava a ela
Porque eu não tinha mais ninguém
E eu dizia ainda é cedo”

Desta forma, ele exemplifica o problema da maior parte dos relacionamentos a dois.
As pessoas escolhem entrar em uma relação sem pesar as coisas, sem racionalidade. É claro, a gente se apaixona e enxerga um príncipe encantado. Fica difícil mesmo colocar a vida numa balança. Mas tenho a impressão que nós saímos numa debandada – totalmente desgovernados – esperando que alguém nos lace.
Outro ponto é que somos criaturas carentes, de atenção e de afago, e procuramos no outro a resposta para a solidão que existe em nós. Reparem como existem vários casais por aí vivendo distantemente enquanto estão juntos, cada um nos seus respectivos celulares, olhando para os lados, ainda sozinhos.

É fácil falar que tem alguém, difícil é estar com alguém.

Aí que uma pessoa que se sente perdida encontra outra pessoa igualmente perdida e acha que se encontrou, acha que encontrou alguém para dar sentido à própria existência. E vai tentando se enfiar em cada espacinho vago na vida do outro, aceita os prazos e compromissos do outro. E se anula, se esquece.
É claro que em algum momento o incômodo por esta mudança tão silenciosa acaba surgindo, mas ela lembra do furor dos primeiros dias, da sensação de plenitude, e tem esperança. Acredita que as coisas voltarão a ser como antes e que, realmente, ainda é cedo pra seguir.

Que atire a primeira pedra quem nunca passou por isso.

13 de Maio de 2015.

Diário de uma garota solteira, com quase 27 anos.
Dia 50:

No quinquagésimo dia deste diário percebi que faltam exatas três semanas para que eu complete vinte e sete anos.
Sei que para muita gente fazer aniversário é irrelevante e sinônimo de envelhecimento. Mas, não para mim. Ok, envelhecer sim porque ando cada dia mais molenga. rs
Acho que desde que fiz um ano conto os dias para comemorar o próximo ano. Talvez seja coisa de quem gosta de ser o centro das atenções. Talvez seja a comemoração de mais um ano de vida. Talvez seja a felicidade de um ano novo.

Falando em ano novo, eu nunca faço promessas no Réveillon, mas sempre faço no meu aniversário. Claro que nunca as cumpro! hihi
Eu também nunca havia conseguido ter uma frequência em nada na minha vida, mas cá estou eu há cinquenta dias falando um monte de abobrinha.

Das minhas resoluções dos vinte e sete, uma que já me acompanha há uns 10 anos é o meu corpo. Eu nunca fui gorda, e tive umas fases de magreza, e sempre detestei o meu bumbum. De uns 3 anos para cá notei que meu metabolismo deu uma de bicho preguiça e anda lentinho. Só pra exemplificar, quando estava na faculdade almoçava arroz branco e calabresa quase todo dia, agora como um monte de fibra e vivo brigando com a balança.

Sei que algumas pessoas dirão que isso é burrice, que devo amar meu corpo como ele é e blá blá blá. Mas, sem hipocrisia, sei que vocês também ficam tristes quando não entram nos seus jeans.
A sociedade pode ter incutido na minha cabeça uma padrão de beleza que é magro, eu sei. Acontece que não consigo ficar feliz quando vejo um bolo de gordura crescendo onde não deve, imagine como vão ficando minhas artérias.

Sendo assim, a primeira resolução dos 27 anos é:
Preciso perder 5 quilos em 3 semanas. Portanto, nem passem perto de mim com gordice.
Mais do que isso preciso aprender a ter autocontrole. Que comece pela comida!

P.S. Faz quase um ano que faço academia, vi uma melhora significativa, mas é aquela velha história de que atividade física representa 20% do resultado e alimentação 80%.

12 de Maio de 2015.

Diário de uma garota solteira, com quase 27 anos.
Dia 49:

A ciência diz que paixão, aquele sentimento descontrolado, tem duração média de cerca de 2 anos.
E, depois deste período, se algo restar poderá ser chamado de amor.
Diante disso, penso todas as vezes que falei que amava quem estava comigo. 
Imagino que vocês conheçam uma galera que fala, principalmente nas redes sociais, que ama o outro depois de um ou dois meses de relação.

Daí lembro de um diálogo no livro (que antes foi uma peça de teatro) do J. M. Barrie, bastante conhecido devido ao clássico da Disney: 

“Peter Pan: Ódio é uma palavra forte, não acha?
Wendy: Amor também é, e as pessoas falam como se não significasse nada.”

Por hoje é só, pessoal.

11 de Maio de 2015.

Diário de uma garota solteira, com quase 27 anos.
Dia 48:

Eu sou aficionada por Sex and the City, já assisti a série umas quatro vezes.
Em um dos episódios a Carrie (personagem vivido pela Sarah Jessica Parker) resolve fazer terapia porque os amigos não aguentam mais ouvi-la falando sobre o Big (amor e karma da vida dela).
Pois bem, depois dela reclamar um monte sobre a vida amorosa desastrosa que tem e por ter saído com os caras errados, a terapeuta diz: 
- Mas o que eles têm em comum... É você. Você escolhe os homens errados.
É claro que a Carrie fica chocada.

Esta passagem ilustra algo que tenho pensado muito... Nós sempre atribuímos ao outro as falhas da relação. Se você pensar com sinceridade verá que você também é vítima deste "mal".
Além disso parece que há uma linha condutora entre os perfis das pessoas que nos envolvemos. 
Brinco que em uma roda com 10 caras uma amiga sempre vai escolher o safado e eu, entre os 9 restantes, escolherei o mais louco. E nós sofremos com isso.
Mas a culpa pelo nosso sofrimento não é dos caras, é nossa.

Eu não entendo de psicologia, mas acredito que algo em nós anseia pelo outro e procura características semelhantes. 

Por exemplo, eu adoro ouvir as histórias das pessoas, mas minha insegurança e competitividade me deixa louca quando tenho que lidar com as relações passadas. Daí, acabo me envolvendo com caras que são imaturos, e até pouco experientes, no quesito relacionamento. 

Some a isso um pouco de carência e a mágica está feita. O circo de horrores montado.
Como fugir disso eu ainda não sei, talvez por isso esteja solteira.


10 de Maio de 2015.

Diário de uma garota solteira, com quase 27 anos.
Dia 47:

Em certos dias eu só consigo pensar em como sou grata pela vida, pela movimentação do universo e por todos os encontros que já tive.

Daqui alguns dias faz três meses que estou solteira, mas não me senti sozinha em nenhum destes tantos dias.

Se as coisas apertam tenho sempre o ouvido e colo da minha família, se quero relembrar minha adolescência e a vida na minha terra tenho as memórias de um amigo fiel, tenho tantos outros que, por mais distantes que estejam, têm sempre dez minutinhos para trocar mensagens que sempre aliviam.

Sinto muito por todas as pessoas que reclamam pela falta do outro. Sinto mesmo.
Mas eu tenho muita sorte, afinal.


09 de Maio de 2015.

Diário de uma garota solteira, com quase 27 anos.
Dia 46:

O final de semana é, antes de tudo, um tempo que tiro para relaxar e pensar sobre como as coisas acontecem na minha vida.
Hoje eu passei o dia todo pensando nisso:

O tempo todo nós estamos tentando sentir coisas que não sentimos. 
O tempo todo nós estamos tentando não sentir coisas que estamos sentindo.

É doido, mas acredito que vale à pena parar e refletir a forma como agimos diante das coisas.

08 de Maio de 2015.

Diário de uma garota solteira, com quase 27 anos.
Dia 45:

A disciplina de História da África foi uma das minhas preferidas durante a graduação. Hoje estava rememorando o curso e me lembrei de uma aula em que a professora falou sobre a ocorrência nos países africanos de infibulação, ou seja, a prática que consiste na costura dos lábios vaginais ou do clitóris, feita com pontos ou espinhos; nestes casos, é deixada apenas uma abertura pequena para urina e menstruação.
As justificativas apontadas são muitas: As famílias acreditam que, mutiladas, as filhas poderão se casar com homens "melhores". Isto porque algumas culturas acreditam que os órgãos femininos são impuros e a prática traz higiene. Com a retirada do clitóris, também acreditam que as possibilidades de acontecerem relações sexuais extraconjugais são diminuídas.
Imaginem a reação de uma sala de 40 alunos que nunca haviam ouvido sobre isso.
Aposto que qualquer um que leia ou escute qualquer relato se arrepiará.

Parece muito fácil criticar uma cultura diferente da nossa, afinal, o erro sempre está no outro, não é?

Aí fico pensando nos métodos que a nossa sociedade usa para nos mutilar: "Uma garota não deve falar isso"; "Você não pode mostrar o que pensa"; "A rua é mais segura se você estiver acompanhada"; "Sua maquiagem está muito chamativa"; "Não se vista assim"; "Uma mulher de respeito não usa saia curta"; "Você não pode beijar mais de um cara em uma noite"; "Você não pode falar tanto sobre sexo", "Não compartilhe o que você faz"; "Se cale".

Acredito que existem várias formas de mutilação.
Mas tenho certeza que a psicológica ainda é a pior.

07 de Maio de 2015.

Diário de uma garota solteira, com quase 27 anos.
Dia 44:

Eu sou uma pessoa prática, gosto de exemplos.
Parafraseando um amigo, a vida não está nada fácil.

Abaixo segue um diálogo com um cara que eu já havia bloqueado, mas veio me atormentar por outro número.
As pessoas toscas? Elas não desistem nunca!
Vou deixar lacunas em alguns trechos pra ninguém se sentir agredido com o linguajar.

Ele: .....vc ta saindo muito ?
Ele: ....ta namorando ainda?
Eu: Não
Ele: .... Olha Carla ... ..se te disse ou fiz algo ... Me desculpe... Sempre te achei muitíssimo interessante ...
Ele: ...isso que sempre pensei
Ele: Podemos ser bons amigos
Eu: Você não me fez nada, (fulano).
Eu: Obrigada pelo "muitíssimo interessante"
Ele: Onde VC esta morando
Ele: ...mesmo lugar Carlinha?
Eu: Nop
Eu: Moro sozinha agora
Ele: Humm
Ele: Era perto da Sabesp se não me engano não era?
Ele: Carla .... Você esta muito sexy nesta foto de perfil
Eu: Era
Eu: Você já disse isso
Ele: Para de ser seca desse jeito
Ele: Áspera...
Ele: ... Isso é Amor retraido?
Eu: O que uma mulher responde quando você fala sobre a sexualidade de uma foto?
Eu: Isso não é elogio para mim
Ele: .... Tudo bem
Ele: Que é elogio?
Ele: Obrigado Carla pela sua estupidez comigo!
Ele: Kkk isso é elogio
Ele: Nosssaaa Amor, como você esTA fria hoje!
Ele:Isso é Elogio?
Ele: ...rs to brincando ... Esse é o seu jeito
Ele: Vou respeitar
Eu: Nem entendi o que você falou
Ele: Mas ok
Ele: Quer t____r comigo ?
Ele: .... .. Essa VC entendeu ?/
Eu: Nem nessa, nem em qualquer vida
Ele: ... Motivo
Ele: Me de 1
Ele: Motivo
Eu: Você é ridículo!
Eu: Para de ser abusivo, cara
Ele: Acho o mesmo de você
Ele: Sempre achei
Eu: Ok
Ele: Mas nem ia conversar
Ele: Te acho g____a só
Ele: Ia c___r e pronto
Eu: huahuahua
Ele: Que acha de fazermos isso ?
Ele: Kkkkkkkk
Eu: Vá c___r outra
Ele: Que papo massa!!!
Ele: Outra eu já c__o
Ele: ... Dizem que c___r b____m de ruiva
Ele: Da 7 anos de sorte
Ele: ... Eu sou bom nisso ruiva... Dexa vai ?
Ele: VC não vai se arrepender
Ele: ... Vamo ?

Depois de bloqueá-lo ele enviou um SMS pedindo para ser desbloqueado porque tinha algo importante para me dizer.
Eu pergunto, uma pessoa dessa consegue falar algo decente a ponto de ter o conteúdo considerado importante?

PS. Mantive a gramática terrível para não fugir da veracidade e realidade da conversa.


06 de Maio de 2015.

Diário de uma garota solteira, com quase 27 anos.
Dia 43:

Nós somos resultado da luta da mulher pela conquista de seus direitos, de sua autonomia perante o homem e liberdade diante da opressão baseada em normas de gênero.
Isso quer dizer que eu só pude sair da casa dos meus pais para estudar e não para casar, que trabalho, que moro sozinha, que tenho uma certa independência, porque um monte de mulheres se revoltaram contra relações desiguais, lutaram e morreram por uma causa.

A partir daí tornou-se admirável a mulher que rompeu com o padrão patriarcal e passou a fazer suas próprias escolhas.
Citei duas palavras que andei pensando ultimamente: PADRÃO e ESCOLHA.

Padrão é um modelo a ser seguido, um exemplo a ser copiado.
Escolha é optar por algo, selecionar, decidir.

Acrescento a minha palavra preferida nesta divagação: LIBERDADE.

A liberdade é necessária para que exista respeito diante da escolha que rompe o padrão.

Mas qual a ligação disso com a emancipação feminina?
É que, aparentemente, formou uma ideia de que para ser considerada vitoriosa a mulher deve romper as barreiras do machismo e "vencer na vida". Quando uma mulher resolve romper com este padrão e escolhe casar e ter filhos ela é diminuída pela mentalidade coletiva.

Muitas de nós olhamos com cara de "coitada, está adiando a vida" quando opta por cuidar de um bebê.
Afinal, somos a ~incrível geração de mulheres que foi criada para ser tudo o que um homem NÃO quer ~ como andou circulando num texto pelas redes sociais.

Pensar de uma forma tão restritiva assim me chateia enormemente. Primeiro porque eu não fui criada para ser ou não ser o que um homem quer, e sim para ser o que eu quero, de acordo com minhas próprias expectativas. Segundo, tem homem que gosta de mulher que sabe cozinha, mas também cozinha se a mulher não souber. Eu não sou a melhor cozinheira do mundo, mas sei me virar e não acho legal uma mulher que fala "não sei nem fritar ovo" como se fosse um tapa na cara de homens machistas. É só uma coisa que você não sabe fazer, morra de fome ou pague pela sua comida. Terceiro, e daí que eu não me vejo sendo mãe? Não sou superior por isso. Uma das minhas amigas mais conscientes casou ano passado e teve um filho este ano. Isso não faz dela uma mentecapta. Quarto, cansei de numerar. hehe

Portanto, acredito que se quer casar, que case. Se não quer, ok. Quer ter filho, não quer... Isso não pode nos diferenciar, nem separar. Não dá ficar criando padrão pra tudo e colocar as pessoas em caixas etiquetadas.

No mais, sempre lembro de uma frase que me faz olhar para o diferente de mim com bons olhos:

Quando padrões são quebrados, novos mundos são criados.

05 de Maio de 2015.

Diário de uma garota solteira, com quase 27 anos.
Dia 42:

Antes estar sozinha do que estar com alguém e se sentir sozinha.

Parece uma coisa absurda, mas uma grande parte das pessoas, que estão em um relacionamento, se sente assim.

04 de Maio de 2015.

Diário de uma garota solteira, com quase 27 anos.
Dia 41:

Passei a vida inteira ouvindo minha mãe dizendo que, na maioria dos casos, o casamento é uma instituição falida. Quando contei que uma amiga de escola, com 27 anos, havia casado ela falou "Coitada, por que ela fez isso?!".

Mas, ela deu pra procurar namorados para mim... Até na sala de espera do oftalmo da minha irmã.
Tinha um encontro marcado no dia em que fui para o hospital com a artéria rompida. Uma das primeiras coisas que ela perguntou quando liguei para contar sobre minha experiência de quase morte foi: Então, você não vai sair à noite?!

Alguém me explica? O.o

03 de Maio de 2015.

Diário de uma garota solteira, com quase 27 anos.
Dia 40:

Hoje acordei lendo umas coisas sobre o Dostoiévski, considero um dos escritores mais marcantes do século XIX e sempre me identifico com o que ele escreve.

Coincidentemente, um trecho de Os Irmãos Karamazov elucidou o que eu venho sentindo:

“somos assim: sonhamos com o voo, mas tememos a altura. Para voar é preciso ter coragem de enfrentar o terror do vazio. Por que é só no vazio que o voo acontece. O vazio é o espaço da liberdade, a ausência de certezas. Mas é isso o que tememos: o não ter certezas. Por isso trocamos o voo por gaiolas. As gaiolas são o lugar onde as certezas moram”.

Pois é, é preciso coragem para enfrentar o terror do vazio...

02 de Maio de 2015.

Diário de uma garota solteira, com quase 27 anos.
Dia 39:

Chega um dia na vida de uma garota solteira em que a depilação deve ser posta em dia.

01 de Maio de 2015.

Diário de uma garota solteira, com quase 27 anos.
Dia 38:

Eu imagino que vocês conheçam a sensação, a ansiedade, a agonia de acordar à espera de um "bom dia".
Eu sei, minhas amigas sabem, uma galera sabe. A tecnologia tem redesenhado as relações. As máquinas finalmente dominaram o mundo, nos dominaram.

Eu tive quatro namorados. O primeiro em uma época que nem tinha sinal de celular na minha cidade. O segundo quando pra conversamos mais intimamente usávamos os depoimentos no Orkut que demoravam um tempo pra atualizar. O terceiro, ah o terceiro, foi o grande divisor de águas. Na época comecei usar o WhatsApp e ai, meu bem, a sorte estava lançada. Cada mensagem não respondida, cada demora, cada vácuo que senti foi me deixando mais doida e mais traumatizada. A ponto de ter raiva do namorado número quatro que era desencanado de celular e não me mandava "bom dia" todo dia. 
E, mesmo depois de começar a enviar, eu ficava brava porque sabia que era forçado, afinal eu havia reclamado. Também sentia raiva quando alguém me enviava um joinha, afinal o número 3 usava deste emoticon pra me fazer parar de resmungar. E, até hoje, detesto quando alguém me envia.

Eu sei, minha gente, preciso de terapia. Mas imagino que não seja a única, vejo muitos casos parecidos com o meu por aí. Gente que tenta decifrar o outro pelo tempo que leva pra responder a mensagem, pela quantidade de emoticons, pelos áudios, pelas coisas ditas e não ditas.

A verdade é que nos tornamos todos uns desesperados por atenção... Se eu digito um termo no Google levo segundos para ter infinitos resultados, não vou ter paciência para esperar a resposta de alguém. Não? Bom, tenho que ter paciência sim!

Conheço um cara que já citei aqui algumas vezes que diz: o WhatsApp está sendo usado errado, não é pra ficar conversando o dia todo com alguém e substituir um encontro de verdade.
E ele que tá certo! Nós perdemos um tempo danado digitando e gravando áudios, daí não nos resta tempo para encontrar o outro. 

O resultado disso é que a relação é super legal virtualmente, mas quando se torna de verdade, tête-à-tête, é um horror porque não sabemos mais como agir.

Eu comecei este texto querendo dizer que o melhor de se estar solteira é que eu nunca mais tive a ansiedade pela espera dos cumprimentos de ninguém, também não preciso mais me preocupar com a bipolaridade das outras pessoas, além da minha. Mas o desabafo acabou tomando um caminho diferente.

Hoje é feriado e desde que acordei estou na cama usando todas as redes sociais que tenho direito.
Vou tomar banho e sair... Afinal, é lá fora que a vida acontece.
Beijo, beijo.

30 de Abril de 2015.

Diário de uma garota solteira, com quase 27 anos.
Dia 37:

Quando criança era fissurada no desenho Alice no País das Maravilhas da Disney... Sempre viaja com as flores cantantes, com a lagarta fumante e o Chapeleiro Maluco. Mas sempre detestei o trecho que aparecia o Cheshire, aquele gato rosa e roxo. Tenho trauma até hoje.

Agora adulta percebi que ele saiu do desenho e veio pra vida real... Vivo encontrando por aí gatos sorridentes que surgem do nada, depois somem e nunca falam coisa com coisa.

29 de Abril de 2015.

Diário de uma garota solteira, com quase 27 anos.
Dia 36:

Certo dia alguns amigos me alopraram porque já tive um affair com um cara que anda por aí de kilt (aquela saia escocesa, sabe?) e outrora experimentou minha calcinha que tinha um rabinho de coelho.

Hilário, não?

Seria se, olhando por outro lado, não achasse normal quando uso calça na rua e cueca pra ficar em casa.

É a nossa roupa que identifica o nosso gênero?

28 de Abril de 2015.

Diário de uma garota solteira, com quase 27 anos.
Dia 35:

Eu adoro quando a conversa com alguém me tira do eixo e me faz ver certas coisas sob um ângulo diferente.

Ontem, um cara que admiro me contou que um certo dia tentou carregar a mala de uma menina que ele estava se relacionando. Tentou apenas, pois a menina puxou a mala e continuou segurando com a resposta indagativa "você acha que eu não consigo carregar minha própria mala?!".
Esse cara ficou realmente chateado. Afinal, se ele pode ajudar alguém carregando coisas, abrindo portas, tratando com alguma especialidade, por que ele faria o contrário?!

Enquanto ele me contava isso pensei em todas as vezes que agi da mesma forma que a garota. Eu cresci ouvindo que eu não preciso de homem pra nada, que consigo ser melhor que eles e tantas outras coisas.
Então voltei àquela preocupação com o extremismo dos "ismos" e a confusão que isso tem gerado. Na busca pela nossa independência enquanto mulher passamos a nos ver como seres mais fortes, adaptáveis e superiores. Nos esquecemos que a luta é apenas por igualdade. E confundimos gentileza com machismo, com respostas que chateariam o Profeta que diz que "gentileza gera gentileza".

Depois dessa, acho até que na próxima vou deixar o cara pagar a conta! Hehe


27 de Abril de 2015.

Diário de uma garota solteira, com quase 27 anos.
Dia 34:

Sobre fossa, bad, sofrência...

Todo mundo fala que vai passar, mas enquanto não passa parece que não vai passar nunca!

E aí, quando passa, a gente fica se perguntando como pôde achar que nunca passaria.

26 de Abril de 2015.

Diário de uma garota solteira, com quase 27 anos.
Dia 33:

Parece fazer parte do senso comum que, em tempos de relações virtuais, um passo importante é trocar o status do Facebook.

É uma declaração de "não estou mais sozinho, tenho alguém"... Mas também é uma forma de fincar uma bandeira na linha do tempo do outro. Afinal, vocês já se encontram sempre, ele já está entre os seus "Melhores Amigos" e você curte tudo o que ele posta. Melhor mostrar pra todo mundo que vocês se pertencem.

Se você concordou com tudo o que escrevi imagino que deva repensar um pouquinho a sua relação. Facebook tem parecido um campo de dominação no que diz respeito às relações. E eu nem vou entrar aqui no mérito dos perfis compartilhados porque não sei lidar com isso.

Há pouco mais de um ano eu mudei o meu status de relacionamento. Confesso que fiquei feliz com isso, estava há três meses com um cara avesso à relações e me achei vitoriosa. Fiquei feliz também pelas 172 curtidas e por todos os comentários. Sim, meu ego é mimado. Mas, em momento algum eu pensei "Poxa, como sou sortuda, as pessoas sabem que eu tenho um cara legal do meu lado". 

O cara era realmente legal, mas eu entrara nessa relação mais pela vontade de superar a relação antiga, mais para não ficar sozinha, mais pelo medo de enfrentar meus anseios do que pela admiração que sentia por este cara.

Quase três meses depois do fim do meu namoro o meu status continua lá "em um relacionamento sério desde 29 de março de 2014" do lado de um cadeadinho, que é só pra eu ver. Sempre usei a desculpa que gostaria de rever todo mundo que curtiu. Entendam, eu salvo minhas conversas do WhatsApp e envio por email, gosto de ter lembranças que poderão ser rememoradas.
No entanto, toda vez que olho pra isso penso "Carla, não dá pra adiar para sempre". Então, acho que chegou a hora.

Eu não tenho vergonha e nem fico triste por estar solteira.
E o status de relacionamento desta rede social não pode mais me dominar.