Diário de uma garota solteira, com quase 27 anos.
Dia 52:
Eu tenho uma amiga.
Sempre brinquei que ela é o supra-sumo da inteligência. Ela é bonita, ela é bem sucedida. Ela é o tipo de pessoa que não existe alguém que não goste.
Mas a vida amorosa dela? Aí é outra história.
Uma das últimas desventuras dela começou no Tinder (aquele aplicativo tão polêmico).
Em uma visita à casa da família, em uma cidade distante, ela deu "match" com um cara de uma cidade vizinha. Logo ela voltou para casa, mas o papo com o indivíduo continuou. Ele era fofo, belezinha, falava com ela o dia todo.
Com o tempo minha amiga começou se incomodar com a forma que o cara se referia à determinadas garotas: BISCATE. Minha amiga tão consciente, do jeito meigo dela, comentou com o cara que não achava legal o termo utilizado.
Nada grave, mas o cara não gostou e minha amiga surtou, afinal já havia se tornado uma paixonite. Eles brigaram, terminaram aquela relação virtual e voltaram para ela, ainda com discussões.
Eu fui incisiva: Amiga, caía fora, o cara é um otário.
Mesmo assim, possivelmente por carência, minha amiga aproveitou um feriado, viajou para sua cidade natal e viajou mais alguns quilômetros para conhecer pessoalmente o cara com a justificativa de que ficaria se atormentado com a ideia do "e se" - E se nos encontrarmos e acontecer (a mágica)?
Pois bem, o encontro aconteceu, a atração aconteceu, foi bom. Mas o cara disse algumas vezes que ele tinha outros planos e focos e que não poderia entrar em uma relação naquele momento.
Minha amiga voltou chateada, mas mais tranquila... Continuou a vida, conheceu outros caras e desencanou daquele.
Vocês devem imaginar o que aconteceu... O cara começou se aproximar, enviar mensagens, perguntar o que havia acontecido que tornou minha amiga distante.
Ficou em cima, atormentou, até que ela disse que havia conhecido outra pessoa.
O cara? Se revoltou, pois como ela pode fazer isso enquanto ele a esperava?! Ela não era boa o suficiente para ele mesmo! No dia seguinte, ligou falando que estava apaixonado e blá blá blá.
Eu poderia, em outros tempos, cogitar que havia um sentimento sincero, hoje sei que o que existe, na verdade, é ego. Quando ele viu que não tinha mais minha amiga para escutá-lo, elogiá-lo e apoiá-lo, mesmo de longe, sentiu falta, não dela, mas da adulação.
Muitos de nós já passamos por isso. Afinal, muitos são como crianças mimadas que começam chorar quando perdem a chupeta porque acreditam que haverá alguém pra mimar depois.
Não consigo aceitar essa história de que é preciso perder para aprender valorizar. Existe muita gente por aí pra você deixar alguém importante de lado. E não dá pra achar que vai estar disponível pra sempre.
É preciso valorizar o outro. É preciso se valorizar.
P.S.: A sorte da minha amiga é que, segundo aquele aplicativo que rolou por estes dias no Facebook, a sua alma gêmea sou eu. hihi